Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco...

Todo mundo que aprendeu a ler e escrever tem uma certa vontade de escrever. É legítimo: todo o ser tem algo a dizer. Mas é preciso mais do que vontade para escrever. Como milhares de pessoas dizem (e com razão): "Minha vida é um verdadeiro romance, se eu escrevesse contando ninguém acreditaria." O que devem fazer essas pessoas? Escrever sem nenhum compromisso. Às vezes uma só linha basta para salvar o próprio coração.







quarta-feira, 14 de julho de 2010

Síndrome de Peter Pan

     Crescer às vezes é preciso! Sempre ouço de alguém que está na hora de parar de ser criança e fazer “coisas de adulto”, de ter responsabilidade. Mas por quê? Nunca entendi bem essa preocupação das pessoas, essa vontade de dar rumo a minha vida. Acho que crescer é tão chato! Por mim eu ficava na Terra do Nunca...seria perfeito poder voar, acreditar em fadas, ter amigos que são sua família e sem alguém pra te dizer que você não pode fazer isso ou aquilo. Eu acho que é pra isso que existe o adulto, pra nos podar. Pra dizer o que não podemos e o que podemos fazer. Nos limitar, não vejo outra função. E agora querem que eu seja mais um...não quero! Me recuso!
     Às vezes fico horas discutindo com amigas para explicar porque sou tão criança, mas tenho sempre a sensação de que são horas perdidas. Ouço risadas, olhares de desaprovação, tem todo um jogo de gestos pra dizer que: "- Não, você não pode mais ser criança!" E eu insisto...sim eu posso e vou ser. Foi a melhor fase da minha vida e não quero me distanciar dela, tenho esse direito. E se isso não faz mal a ninguém, por que o incomodo?
     Ser criança é mais do que brincar pra mim, não é só ver desenho. É sorrir sempre por coisas bobas, é não ter maldade com as pessoas, é poder chorar quando se está triste sem parecer fraco, é gritar a mãe tarde da noite porque teve pesadelo ou simplesmente correr para a cama dela, sem ter vergonha disso. É dar valor a tanta coisa que quando a gente cresce a gente esquece...
     Por que os adultos se distanciam tanto dessa fase? Parece que nem lembram mais que um dia já foram assim. E eu repito, não quero crescer. Não quero esquecer da época mais feliz que já tive. Tudo bem que agora preciso ter responsabilidade, pagar contas, fazer compras, ter uma profissão. Mas acho que posso conciliar. Posso ter tudo isso e ao mesmo tempo ver tudo de forma simples como uma criança. Peter Pan se morasse em nosso mundo já seria adulto, mas ele não quis, optou por ficar na Terra do Nunca (que não tem esse nome atoa). E se me permitem, eu fico com ele! Faço a minha escolha, quando digo que quero voar.

3 comentários:

  1. Nós duas juntas parecemos duas crianças. A Maria disse que a gente se encontrou. Esse foi seu post que eu mais me identifiquei, embora eu tenha me identificado com todos os outros. Sabe aquela fase da entrada na adolescência que todos estão querendo mostrar que estão crescendo? Pois é. Eu não fazia a mínima questão disso. Eu tinha uma amiga que me enxia o saco dizendo que eu era muito criança. Enquanto ela ficava no play do prédio sentada conversando, eu tava correndo. Ela dizia pra mim que eu era muito infantil, mas que isso uma hora ia passar. Eu dizia que ela não sabia de nada, que eu nunca ia deixar de ser assim. Não é ser imatura, é ser alegre. Porque sempre que eu precisava conversar, eu conversava. Sempre que precisava sentar pra estudar, eu era a primeira a fazer isso. Quando me viam séria, me achavam adulta. Quando me viam fazendo palhaçada, me achavam criança. Foi mais ou menos aquilo que você viu, minha "dupla personalidade", tem hora pra tudo. Adoro respeitar meus desejos, fazer o que vem à cabeça (quando não faz mal a ninguém), ser "doidinha", ou seja, nada mais do que fazer o que quero, e não o que é normal ser feito. Quanto à função dos adultos de limitação, não acho que seja só essa. Limitar é preciso, aliás. Os adultos conhecem as regras que existem no mundo quando nós nascemos, e passam-nas para nós. É preciso saber as regras. O problema é que muitas vezes eles se prendem muito nelas. Aí vem Foucault pra nos lembrar que as regras foram criadas por nós mesmos, não estão dadas, foram construídas, e nós podemos criar outras. As crianças não sabem ainda bem dessas regras e seguem seus impulsos, os adultos sabem das regras e acham que verde é verde e rosa é rosa. Mas podemos ser um outro adulto, conhecer os limites, mas saber onde podemos ultrapassá-lo, em que momento podemos criar, saber ver as brechas, prestar atenção nos detalhes, no desejo do outro, para não se limitar à regra externa a nós, e ouvir as vibrações da vontade. O adulto também pode assumir essa outra função, de, conhecedor que é das regras, e, mais do que isso, sabedor de que elas foram criadas, auxiliar na construção de um modo de viver de cada um, que se encaixe nesse mundo "castrador". Ajudar a singularizar. Dar valor à riqueza do que a criança traz de novo, ensinando-a o que existe de velho, mas mostrando que o velho também já foi novo um dia.

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  2. Uma hora a gente cresce... mas a criança interior só perdemos se quisermos!
    "Em busca a terra do nunca" lembra? kkkkk nunca esqueço! bjs

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  3. Claro que lembro!kkkkkkkkk [Muito boba vc!]

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