Às vezes cansa ser a filha certinha, ser aquela que freqüenta
todas as reuniões de família, que ouve todos os problemas e que tenta ajudar todo
mundo. Porque no final nunca sou valorizada. As pessoas acabam se acostumando a
nunca me perguntar o que eu realmente quero. Se estou feliz de fato. E passam a
achar que é minha obrigação seguir aquele roteiro pré estabelecido por eles
mesmos. É completamente sufocante fazer parte dessa realidade. É como se o meu
verdadeiro eu fosse sugado pra dentro de mim e tivesse que se manter ali,
preso. E as poucas vezes que eu tentei trazer ele pra fora, fui chamada de
estranha. É nessas horas que eu percebo o quanto eu não faço parte desse mundo.
Por isso eu criei o meu próprio mundo. Onde eu me sinto muito mais feliz.
Quando eu embarco num livro ou numa série é como se tudo tivesse algum sentido.
É como se os personagens pudessem entender o que eu sinto e eu consigo aprender
tanto com as experiências deles. Se não fossem eles eu nem sei o que seria de
mim.
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